Criar um Site Grátis Fantástico
O uso do celular na escola
O uso do celular na escola

O uso do celular na escola

Nely Maria Deczka – Professora Pedagoga da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná, na Escola Estadual Pe. Cristóforo Myskiv – Ens. Fundamental e Médio no Município de Prudentópolis/Pr – Pós Graduação em Gestão do Trabalho Pedagógico e PDE 2008.

Proibir ou não o uso do celular na escola?

      Este é um assunto que vem tomando conta de todas as escolas. As opiniões se dividem especialmente entre professores e alunos. No Estado do Paraná a Secretaria de Educação deixou as escolas resolverem juntamente com a Comunidade Escolar qual o procedimento utilizado em cada escola com o devido registro no Regimento Escolar. Porém, sabemos que não resolve o impasse. Os jovens utilizam o celular quase como se fosse parte do seu corpo e quanto maior a faixa etária, mais problemática se torna a questão.

         A proibição apenas, não tem dado resultados, mas sabemos que o uso sem limites causa transtornos para o professor, para a Equipe Pedagógica e para a Direção da Escola que não tem como vigiar a todos. E o fato de ser proibido, para o jovem já é motivo para que ele tente burlar as regras.

         Então qual seria a solução? Liberar geral é que não dá. Portanto o melhor a fazer é criar acordos, já nos primeiros dias de aula a Direção, Pedagogos e Professores precisam entrar num consenso e com o consentimento dos pais, estabelecer juntamente com os alunos quais serão as regras de utilização. Sabemos que não há necessidade do celular dentro da escola. É possível chamar o aluno em casos que a família precise se comunicar e o aluno também pode ligar para os pais quando necessário. Mas, há casos de alunos que moram muito distantes da escola e o celular é até uma questão de segurança no caso de terem problemas durante o trajeto de ida ou volta à escola. Neste caso é uma questão de conscientização. Não ligar o celular dentro da sala de aula para não atrapalhar é a primeira coisa que devem ter em mente, ou pelo menos que fique no silencioso, caso alguém ligue ou mande alguma mensagem ficará gravado e posteriormente poderá retornar a ligação.

         Não é fácil conscientizar, não será de um dia para o outro que isto irá acontecer, mas vale a pena insistir até que se torne um hábito. Porém, olhando a questão de um ângulo diferente, mais futurista e com menos ranço, os professores que se acham capazes de trabalhar com o celular como ferramenta de trabalho, poderão perfeitamente acordar com suas classes que o celular poderá ser usado apenas como ferramenta de estudo. É possível sim, dar uma aula interessante, diferente e com certeza aprovada pelos alunos, fazendo do celular um incentivo à pesquisa, a busca através da internet ou mesmo através de torpedos.

         As aulas de Geografia, por exemplo, seriam bem mais interessantes se pudessem visualizar o Google Mapas. Em outras disciplinas é possível trabalhar em grupos de perguntas e respostas através de mensagens de texto e assim muitas outras atividades utilizando gravador de voz, de vídeos e fotos. Tudo é possível quando se quer realmente tornar mais prazeroso o convívio em sala de aula, a cumplicidade do professor com os alunos.

         A escola não foi feita para os professores, nem para o Diretor, a escola existe em função do aluno, é porque existem crianças e jovens que precisam aprender que a escola existe. Mas aprender o quê? Será que os conteúdos do currículo na ponta da língua bastariam para alguém se dar bem no mundo do trabalho, ou mesmo na vida social e familiar se esse alguém, que é hoje nosso aluno, não sabe cumprir regras, não sabe respeitar acordos, não sabe trabalhar em grupos, não respeita o direito do próximo, não sente nenhum prazer em aprender? Conteúdos apenas não constroem nenhum cidadão, eles são importantes sim, porém, nem todos, sejamos sinceros, ensinamos muitas coisas que não são essenciais e como já disse certa vez o nosso mestre Rubem Alves. “As coisas que aprendemos na escola são comparáveis a uma macarronada que depois que aquecemos a água, nela cozinhamos o macarrão, porém quando o macarrão está cozido, a água é jogada fora o que fica é o macarrão. A água foi necessária mas o que fica não é a água.” Assim são os conteúdos que aprendemos, deles tiramos a essência e o restante, esquecemos. Mas os ensinamentos que o professor proporcionou criando situações onde os alunos aprendam o respeito, a obediência às leis, no caso, os acordos firmados entre professores e suas classes, aprendam a ter liberdade com limites, sabendo que também têm vez e voz dentro da escola e que ainda são capazes de unir o útil ao agradável, com certeza teremos cidadãos melhores, profissionais mais competentes e comprometidos, gente que sabe ser gente em qualquer situação. Esta é a Escola que pode realmente fazer a diferença na sociedade. Mas só quem pode mudar a Escola são os professores. Não vai mudar por Lei nem por Decreto. Vai mudar é quando todos os professores estiverem dispostos e capacitados para fazer essa transformação. Este é assunto para uma próxima reflexão. Até breve!